RetroBoy | SD F-1 Grand Prix

10 horas atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo

Revisão: Davi Dumont

A Fórmula 1 é um dos mais prestigiados campeonatos automobilísticos do mundo. Sendo uma categoria de alto nível e bastante restrita, a grande competição tem um certo profissionalismo esperado em relação aos seus produtos relacionados, incluindo videogames. As coisas, porém, nem sempre foram assim. No final dos anos 80 e início dos 90, com o sucesso dos videogames crescendo a cada dia, desenvolvedoras buscaram trazer a categoria para o mundo virtual. Algumas buscaram recriar o realismo que a competição podia oferecer, mas também havia aqueles que decidiram seguir um outro caminho.

Este foi o caso da Video System, uma desenvolvedora japonesa, que após uma série de jogos baseados nas mais recentes temporadas da categoria, decidiu criar um spin-off que misturasse o visual cartunesco e jogabilidade simples de Super Mario Kart com a maior categoria do automobilismo mundial. Assim surgiu SD F-1 Grand Prix, um título bastante peculiar que traz o sério mundo da Fórmula 1, mas com uma pegada mais cômica.

A Fórmula 1 através de um novo olhar

Nos anos 90, a desenvolvedora japonesa havia feito uma parceria com a FOCA (A Associação de Construtores da categoria) e a Fuji TV para produzir jogos baseados na categoria. Batizado de F-1 Grand Prix, o Super Famicom recebeu três títulos que recriaram as temporadas de 1991, 1992 e 1993 respectivamente, com seus pilotos e equipes licenciados

Após o lançamento do terceiro título em 1994, a desenvolvedora decidiu seguir um caminho diferente. Seus títulos anteriores traziam um estilo de jogabilidade mais sério, com visão de cima para baixo, circuitos e pilotos oficiais e até um pequeno sistema de ajustes nos veículos. Para o título final da série no Super Famicom, a Video System quis trazer uma grande mudança geral se inspirando em outro título de corrida de sucesso da plataforma, Super Mario Kart.

Unindo os visuais cartunescos e a jogabilidade simples do título de Mario com os elementos mais conhecidos da Fórmula 1, como pilotos, pistas e veículos, a Video System criou SD F-1 Grand Prix em 1995. Como o próprio nome já sugere, o jogo empregava o estilo Super Deformed para seus personagens, mas havia uma diferença. Em vez de caricaturas dos pilotos, a Video System os transformou em animais, dando assim um tom mais divertido a experiência.

Temos aqui 10 personagens inspirados em alguns dos pilotos da temporada 1994, com 10 equipes que competiram na temporada sendo representadas. O campeão de 1994, Michael Schumacher, bem como os principais competidores da época, como Damon Hill e Mika Hakkinen estão aqui. O Brasil possui até um representante no jogo, Rubens Barrichello, o famoso Rubinho, que estava em sua terceira temporada na Fórmula 1 na época.

Cada piloto apresenta seus próprios atributos, similar ao que acontecia em Super Mario Kart. Mika Hakkinen, por exemplo, é um corredor mais equilibrado que funciona para todos os tipos de pista. Já o alemão Schumacher é mais veloz, sendo um dos melhores pilotos do jogo.

A doida mistura de Fórmula 1 com Mario Kart

Como mencionado anteriormente, SD F-1 Grand Prix é bastante inspirado em Super Mario Kart, com sua jogabilidade sendo bastante idêntica ao jogo de Mario. A principal diferença está no controle de seus veículos. Carros da Fórmula 1 possuem uma aderência maior as pistas do que um Kart, o que significa que os carros não viram facilmente.

Se em Super Mario Kart um toque no direcional era o bastante para fazer com que os personagens começassem a dar um drift, em SD F-1 Grand Prix a história é diferente. Apesar de seu estilo artístico e mecânicas puxarem para essa parte mais cômica, o jogo ainda se inspira na categoria, incentivando que os jogadores dominem seus circuitos e utilizem os melhores caminhos na pista para fazer curvas com perfeição e não perder o controle do carro. O mesmo vale para aceleração, onde será muito mais necessário utilizar o freio para fazer curvas, assim como também onde e quando acelerar para não perder velocidade ou tempo.

A mistura mais interessante dos elementos de Super Mario Kart e da Fórmula 1, contudo, está em outra parte ainda mais legal do jogo. SD F-1 Grand Prix permite que até dois jogadores aproveitem o título; além de um Time Trial, que serve para o jogador treinar nos circuitos, o título oferece dois modos principais de jogo, cada um com duas distintas formas de jogabilidade.

O primeiro é o World GP, onde selecionamos um piloto e corremos por todos os 16 circuitos da temporada 1995 em ordem, com pontos sendo distribuídos a cada corrida. Ao final, caso tenhamos pontos suficientes, somos coroados como campeão. O mais legal desse modo é que ele utiliza algumas regras que a Fórmula 1 utilizava na época; além da distribuição de pontos, apenas 8 pilotos podem competir em cada corrida, então antes do início de cada GP existe um período de classificação, onde em duas voltas é decidido se nos classificamos e em qual posição iniciaremos a corrida.

Já o segundo modo é o Crash Mode, que une algumas das mecânicas do World GP com os elementos de Super Mario Kart. Nele, competimos em mini campeonatos com circuitos com temáticas inesperadas, como praias, neve, vulcão ativo e até uma pseudo Rainbow Road. Não há classificatória, com 8 pilotos, escolhidos aleatoriamente pela CPU antes do campeonato começar, tomando parte na competição. E é aqui que temos itens que podemos utilizar durante as corridas. Contudo, eles são uma parte bem fraca deste jogo, com muitos servindo o mesmo propósito: o de ser arremessado, para frente ou atrás, e torcer para acertar alguém. Também há cristais que podem ser coletados para garantir um boost temporário que transforma o carro em um avião.

O Crash Mode, contudo, possui duas adições interessantes que não há em outros modos. A primeira é um sistema de upgrades. Cada corrida no Crash Mode recompensa o jogador com pontos e dinheiro. Antes do início de cada corrida, temos um pequeno shop que oferece uma lista de upgrades, como pneus para ajudar nas curvas, motores melhores e carroceira adicional, que podem ser adquiridos para ajudar na corrida. Infelizmente essas aquisições só ficam ativas por uma corrida, sendo necessário readquiri-las constantemente.

A segunda adição são pilotos secretos. Após completar os mini campeonatos iniciais, um outro e especial é desbloqueado onde o desafio é contra três lendários pilotos da Fórmula 1 que estavam aposentado na época. O francês Alain Prost, quatro vezes campeão da categoria e que aqui corre com a Williams FW15 de 1993. O britânico Nigel Mansel, campeão da categoria em 1992 e que corre com a Williams FW14 do mesmo ano. Por fim, temos o japonês Satoru Nakajima, que apesar de não ser um ex-campeão, é talvez um dos mais famosos pilotos japoneses que já pisou na categoria. Ele corre com a Lotus 99T da temporada 1987.

A maior surpresa, contudo, ocorre após ganhar este campeonato especial. Um último desafio surge, onde o jogador é desafiado por ninguém menos que Ayrton Senna. Sendo representado por uma fênix que desce dos céus, o piloto brasileiro é o melhor personagem do jogo e utiliza a icônica McLaren MP4/6, o carro em que Senna ganhou seu último campeonato em 1991. É uma bela homenagem ao piloto, um ano após sua fatídica morte durante o Grande Prêmio de Imola em 1994.

Vencendo esses pilotos você os habilita para utilizá-los no multiplayer e no Crash Mode. Todos, com exceção de Satoru, são ótimas opções se comparados ao resto do elenco, possuindo vantagens dignas de seus status como campeões da maior categoria do automobilismo mundial.

O colorido mundo de SD F1 Grand Prix

Tendo sido lançado em 1995, ao fim da geração 16-bits, SD F-1 Grand Prix é um jogo que utiliza bem o que estava disponível na plataforma. Similar a Super Mario Kart, os visuais utilizam cores bem vibrantes e coloridas, e o título utiliza o Mode 7 em sua jogatina, possuindo até mesmo a divisão de gameplay em uma parte na tela e um mapa na outra parte.

A principal mudança é em relação a essa parte envolvendo o mapa. Não apenas temos o circuito, como também uma dupla de comentaristas que narram as corridas. Baseado nos narradores da Fuji Television, que curiosamente era parceira da Video System no licenciamento da Fórmula 1, a adição da dupla é algo muito bacana e até surpreendente, visto que não era comum termos vozes digitalizadas em um jogo de Super Nintendo.

Na fileira do topo da esquerda para a direita: Mika Hakkinen, Michael Schumacher, Jean Alesi, Damon Hill e Satoru Nakajima Na fileira de baixo da esquerda para a direita: Rubens Barrichelo, J.J. Lehto, Gerhart Berger, Eddie Irvine e Andrea de Cesaris

Combinando com os visuais do jogo estão os personagens, que são representados por animais bem fofinhos e cheios de personalidade. Trazendo um toque mais cômico a um jogo que não se leva, a escolha desse design foi uma boa decisão, pois versões SD dos pilotos reais talvez não ficasse tão icônico.

Mesmo assim, SD F-1 Grand Prix pode ser um jogo que acaba pegando os outros de surpresa por conta de sua dificuldade. A Inteligência artifical dos adversários é bem desafiadora, se aproveitando de erros do jogador e sempre utilizando os melhores caminhos nos circuitos, transformando SD F-1 Grand Prix em um dos mais difíceis jogos de corrida da plataforma.

A Bandeirada foi dada

Tendo sido lançado no final da vida do Super Famicom e apenas no Japão, SD F-1 Grand Prix acabou ficando esquecido até mesmo entre os fãs do console. Sendo uma forma diferente de experimentar a Fórmula 1, de um jeito bem inesperado e que dificilmente ocorreria atualmente, e melhorando a jogabilidade criada por Super Mario Kart, o título é um dos melhores do seu gênero na plataforma, oferecendo bastante conteúdo para os jogadores aproveitarem e uma jogabilidade sólida.

O título também serve como um lembrete de uma época em que a Fórmula 1, apesar de seu status como o ápice do automobilismo mundial, ainda não possuía todo o glamour e limitações ligados a sua licença. Assim, não existiam muito obstáculos que poderia impedir que jogos mais criativos fossem desenvolvidos com a marca. Além disso, é uma grande pena que esse jogo tenha ficado preso apenas no Japão, pois poderíamos ter outros similares em anos subsequentes, especialmente no período em que a categoria ficou longe das plataformas Nintendo.

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